Conhecendo Thais Aleluia

Thais Aleluia: professora com sua família

Nunca desista! A Juíza do Trabalho Thais Aleluia conta sobre sua trajetória profissional e nos ensina a ter foco, disciplina e resiliência.

Professoras LFG: Conheça suas histórias

Seja bem-vindo a mais um artigo especial sobre a história de nossas professoras LFG — estamos contando, para nossa comunidade de alunos, as fascinantes histórias de nossas educadoras.

A entrevistada da vez é Thais Mendonça Aleluia, que é Juíza do Trabalho (TRT 5ª Região) e Mestre em Direito pela Universidade Federal da Bahia.

Thais é uma verdadeira história de sucesso. Tomou posse como juíza logo aos 25 anos de idade, e também foi bailarina clássica! Ela nos contou uma história de muita dedicação e força de vontade, que com certeza servirá de inspiração para todos!

Confira!

Como foi o início da sua carreira?  

Thais Aleluia: A carreira pública depende de muita dedicação. O cenário que vemos atualmente é de mulheres, cada vez mais, ocupando cargos públicos.

No Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, do qual faço parte, nós somos a maioria. Estamos na terceira presidência feminina e já tivemos mesas inteiras compostas por mulheres. 

A gente tem realmente um predomínio da mulher na carreira pública. A mulher possui maior capacidade de concentração e de disciplina. Não que os homens não tenham, mas é próprio da mulher isso.  

Eu fui bailarina clássica, sempre fui extremamente disciplinada e extremamente aplicada. Então, a aprovação em concurso público veio de uma maneira extremamente tranquila — óbvio que como resultado de muito esforço, estudo e muita dedicação.

Eu sinto prazer em estudar, eu sinto prazer em fazer aquilo que eu estou fazendo e aquela preparação para mim não foi muito custosa.  

Quando eu fui aprovada, eu era muito nova. Eu fui aprovada e tomei posse como juíza aos 25 anos de idade.

E sim, a gente sente um menosprezo, mas eu não sei dizer se na minha situação isso se confundiu um pouco por eu ser mulher ou por eu ser muito nova à época. 

Tinham aqueles advogados mais catedráticos, que queriam se colocar ali como se eu fosse menor e mais fraca. Mas na verdade eu sempre fui muito decidida e muito segura do que eu queria e do que eu acho.

Então essa foi uma fase bem curta, no início da carreira. É como se também, as pessoas passassem a saber que não é uma menininha que estudou, é uma menina que sabe o que está fazendo.  

Por que você escolheu o Direito? 

Thais Aleluia: Sendo honesta, minha história com o Direito não é tão romântica. Eu ia ser médica, porque eu morava fora do Brasil — eu era bailarina no Canadá e naquela época eu ia cursar medicina, porque a minha família toda é de médicos.  

O plano era que eu fizesse medicina no Canadá. Mas eu voltei ao Brasil, teria que fazer vestibular e eu não tinha o segundo ensino médio brasileiro, por ter cursado esse período no Canadá. Foi então que surgiu o vestibular de Direito e eu fiz.  

E eu acho aí, né, me apaixonei. Sou apaixonada pelo que faço, não seria mais feliz sendo médica.

Mas eu acho que aí é da resiliência e da adaptação típicas da mulher, porque a mulher se adapta, ela se coloca. Então é o que tá ali pra mim na vida, então vamos lá e vamos fazer o melhor! Então foi assim que eu me apaixonei pelo Direito, foi assim que eu me encontrei, que eu me apaixonei e é assim que estou até hoje e eu amo muito o que eu faço. 

Eu poderia não mencionar a minha história com o balé, mas essa fase da minha vida faz parte de quem eu sou. Eu acredito que a criança forjada em uma disciplina de artes é uma criança que será firme em seus valores, então podemos esperar um futuro muito positivo para ela. 

Eu estava assistindo um depoimento da Kyra Gracie e me identifiquei muito, ela falou o seguinte: “eu sempre fui valorizada pelos meus méritos, por eu ser campeã”. 

Eu também era valorizada porque eu dançava bem, porque eu fazia aquilo bem-feito, então a gente afasta de outras futilidades e foca nisso.

Quando eu fui prestar concurso público, isso pesou, pois o meu pensamento era o seguinte: depende de mim, do meu esforço, da minha dedicação, depende da minha disciplina. 

Qual foi a melhor conselho que sua mãe te deu?  

Thais Aleluia: Nunca desista! Minha mãe é a pessoa mais forte que eu conheço e ela nunca me permitiu desistir.

Minha irmã é mulher igualmente muito forte, ela me treinava e falava “caiu, levantou, levantou, continua”. 

Na minha família, aqui na minha casa, temos três lemas. Minha filha fez até um trabalho na escola falando sobre isso.

  1. O primeiro lema é que ninguém pode apagar a sua luz, então uma luz que está no seu tempo, ela saiu para bilhar, ninguém vai apagá-la!
  2. Segundo lema que seguimos aqui é que desistir não é uma opção, então a gente não desiste.
  3. E o terceiro é que a gente não deixa ninguém para trás. E isso é quem eu sou. Eu não deixo ninguém pra trás, eu não desisto das coisas e eu não acho que alguém possa apagar a minha luz. 

Bem filosófico, mas é bem real, se você perguntar para minha filhinha, ela vai te dizer essas três coisas, ela não esquece. Então eu acho que o conselho mais forte que a minha mãe me deu é não desista.  

Quais as maiores dificuldades você enfrentou em sua carreira?  

Thais Aleluia: Acredito que o fato de ser muito jovem quando ingressei na magistratura foi motivo para que eu sofresse desrespeito no começo da minha carreira. 

Existiu algum momento/situação você se sentiu desafiada por ser mulher? Qual foi?  

Thais Aleluia: Eu só tenho uma história para contar. Eu só tenho que dar um contexto para que todos entendam

Antigamente aqui na Bahia, em nossa carreira, para ser fixo em algum lugar o Juiz titular da vara tinha que te escolher. Então você fazia parte de uma lista para que ele escolhesse.

Não é mais assim hoje. Hoje é por antiguidade pura: o mais antigo fica. Mas nessa época, você fazia parte de uma lista e o titular da vara te escolhia.

E aí a gente ligava pro titular, para conversar e falar “olha, estou me candidatando para a sua vara e queria trabalhar aí e tal…”. E foi numa época que eu estava no interior, mas já queria vir pra Salvador.

Então eu liguei para esse titular, um importante Juiz do Trabalho e falei “olha, sou candidata e gostaria de trabalhar com você. E poxa, trabalhar comigo é tranquilo e tudo mais.

Ele virou pra mim e disse assim: 

Olha, eu sei que você é candidata e tudo, mas você vai ter filho, licença maternidade, não vou te escolher não, já vou logo sendo sincero e acabou.”

Então assim, não adiantava eu ser excelente juíza. Não adiantava eu nunca ter apresentado um atestado médico, porque eu ia ter filho. Eu não ia dizer “não, não vou ter filhos”, porque era mentira, né… Em algum momento eu ia sim querer ter filhos.

Sobre os movimentos que lutam por igualdade de gênero, o quão importante você acredita que eles foram e são?

Thais Aleluia: Eu acho que tudo o que mostra o valor da mulher, sem que se faça competição, é importante.

Tudo o que mostra o valor do ser-humano, sem necessariamente que a gente tenha uma competição entre homens e mulheres. Tudo que vá enaltecer e valorizar a atuação da mulher é importante. 

Qual figura feminina você mais admira?  

Thais Aleluia: Minha mãe! Espero que minha filha um dia me veja assim também. 

Minha mãe é a pessoa mais forte que conheço e sempre esteve ao meu lado. Espero que minha filha me veja assim também!

Eu sou uma mãe extremamente leoa, extremamente centralizadora na educação dos meus filhos.

Eu alfabetizei os meus dois filhos, bilíngues! Estou alfabetizando o segundo agora, porque ele tem quatro anos e meio, mas ele já está habilitado a escrever algumas coisas em duas línguas.

E eu faço isso, não dependo da escola, não quero que escola alguma faça isso pelos meus filhos.  

Minha mãe sempre foi tipo “sou mais você”, sabe? A gente tem um jeito de falar aqui que é: a gente veste a camisa um do outro, eu visto a camisa dos meus filhos. A minha mãe sempre vestiu a minha camisa, ela sempre esteve ao meu lado. 

Qual conselho você daria para uma filha sua? 

Thais Aleluia: Acho que os três lemas da minha família: sempre acreditar nela mesma e na luz que ela carrega, que ela nunca desista e que ela não se conforme. Resumindo, que ela tenha convicção de que o mundo é dela.  

Um livro e uma série!

O livro que eu indicaria chama “12 regras para a vida” do Jordan Peterson!

Gostou deste conteúdo sobre Thais Aleluia? Confira também nossa entrevista com a professora Elisa Faria!

Artigos Relacionados

Navegue por categoria