O cérebro é uma máquina poderosa que gosta de desafios. Quando estimulado, ele faz conexões rapidamente, desperta a atenção e processa informações com mais velocidade, relatam cientistas da psicologia cognitiva e da neurociência.
Portanto, saber como a mente aprende pode auxiliar concurseiros a melhorar o desempenho dos estudos para concurso público.
Pensando nisso, preparamos este artigo para trazer 16 técnicas de memorização para reter informações.
Tenha uma ótima leitura!
Como o cérebro aprende?
Cada lado do cérebro executa funções distintas. O hemisfério direito se concentra na parte visual e, por isso, é considerado a região onde surge o pensamento criativo. Já a área esquerda é a parte linear, detalhada e lógica.
Estimular ambas as partes é essencial para reter mais informações. E isso é bem importante para quem está estudando para concurso público, pois o cérebro funciona melhor quando os dois lados são ativados e se envolvem na aprendizagem.
Para entender como o cérebro aprende, é preciso saber sobre o funcionamento da memória, localizada no hipocampo, uma estrutura nos lobos temporais. Há dois tipos de memória: de curto e longo prazo.
A memória de curto prazo, também chamada de área de trabalho, guarda informações por pouco tempo, caso não sejam estudadas. Já a memória de longo prazo armazena conhecimento e experiências adquiridas ao longo da vida, podendo deteriorar-se com a idade ou surgimento de doenças neurológicas.
Quais são as fases do processo de aprendizado?
O processo de aprendizado ocorre em três fases. Entenda rapidamente sobre cada uma delas a seguir:
- Aquisição;
- Retenção;
- Aplicação.
1. Aquisição
Recebimento da informação que pode ser nova ou já conhecida, como o conteúdo de uma matéria para prova de um concurso público.
2. Retenção
Na medida em que as informações adquiridas forem estudadas com exercícios e repetições, elas serão compreendidas e levadas para a memória de longo prazo.
Sobre o assunto, o psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus, pioneiro em pesquisas sistemáticas do aprendizado e da memória, identificou que esquecemos dois terços do que aprendemos num espaço de 24 horas, caso não seja feita uma boa revisão dos conteúdos.
Isso porque, quando dormimos, a memória de curto prazo é esvaziada. É como se o nosso computador mental limpasse a lixeira dos arquivos acumulados durante o dia. O cérebro entende que as informações que não foram estudadas não são importantes e não as leva para a memória de longo prazo.
3. Aplicação
É o uso na prática do que aprendemos por meio do raciocínio. São as conexões que o cérebro faz para utilização de uma informação nova com o que já foi aprendido.
16 técnicas de memorização para assimilar informações
A cientista brasileira da computação Ana Lopes, autora do livro Histórias de Aprendizagem e fundadora do site Mais Aprendizagem, diz que as informações bem estudadas colam no cérebro como um imã.
Veja a seguir algumas dicas da especialista, além de muitas outras extras, para assimilar mais rapidamente a grande quantidade de conteúdo que concurseiros precisam memorizar para as provas:
- Classificação da informação;
- Organização e associação;
- Imagem e proporção;
- Motivação;
- Método Cornell;
- Método outline;
- Bullet journal;
- Flashcard;
- Sistema Leitner;
- Técnicas mnemónicas;
- Interrogação elaborativa;
- Mapas mentais;
- Autoexplicação;
- Acrônimos;
- Acrósticos;
- Palácio da memória.
1. Classificação da informação
Segundo Ana, o cérebro adora padrões para economizar o consumo de energia. O grande volume de informação a ser estudado pode ser dividido por categorias para facilitar o aprendizado. Ao estudar a nova lei trabalhista, por exemplo, o concurseiro pode fazer três classificações: pontos da regulamentação que concorda, os que fariam pequenas alterações e os que discorda completamente.
Ao discordar de alguns temas da lei, o candidato coloca nos estudos suas emoções, algo que a neurociência considera muito importante para reforçar o aprendizado. Essa técnica pode ser aplicada tanto no ensino de língua quanto para gravar nome de frutas, classificadas pelas que o aluno aprecia e não gosta. Ou ainda divididas por sabores: amarga, doce e azeda.
2. Organização e associação
É uma ferramenta essencial para o processo de memorização. Ana ensina essa técnica mostrando como ter na ponta da língua o mapa do Brasil ou dos Estados Unidos. No caso do Brasil, é mais fácil guardar as 26 federações e o Distrito Federal. Alguns podem lembrar todos pela ordem alfabética, o que é mais difícil.
Outros fazem a memorização de acordo com a região onde mora, pelos estados que já visitaram, contato com amigos ou por alguns aspectos culturais, como artistas locais, comida típica, etc.
Essa mesma técnica é aplicada para memorização dos 50 estados norte-americanos, que não são divididos por região política. A assimilação pode começar pelo estado da Flórida, que é mais conhecido dos brasileiros por causa da Disney World ou pela Califórnia, onde fica Los Angeles, a terra de Hollywood e sede da celebração anual do Oscar.
As cores e formatos também são uma boa dica de memorização. Nos EUA, os estados do centro-oeste têm formato quadrado e retangular como Colorado, New Mexico e Kansas. A Itália, na Europa, é um exemplo disso: é sempre lembrada pela sua forma de bota.
3. Imagem e proporção
Ao revisar determinada matéria, o concurseiro tem a possibilidade de criar um desenho para representar um tema de difícil assimilação. O ideal é que a figura saia do tamanho normal, pois o cérebro grava melhor o que é desproporcional, impossível e divertido. Exemplo disso é que muitos lembram a piada que o professor contou em classe e nada da matéria explicada.
Ana ensina a representar conteúdos com imagem de um violão gigante, por exemplo, que é algo inesquecível. Crie personagens irreais como a de um sapo roxo ou uma orelha em formato de coração.
Essas mesmas dicas podem ser levadas para qualquer tipo de estudo, incluindo os dos concurseiros para assimilar os conteúdos mais rapidamente, garante Ana.
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4. Motivação
Nenhuma técnica de estudos funcionará se o concurseiro não estiver motivado e tiver certeza dos seus objetivos para aprovação em concurso público, reforça a fundadora do site Mais Aprendizagem. Por isso, o começo de tudo é estabelecer metas claras de onde se quer chegar e por quê.
O ideal é que as metas não estejam registradas apenas na cabeça, mas escritas e expostas em local visível para que o cérebro registre melhor a informação. Detalhe seus objetivos, procurando traçá-los de forma que seja possível alcançá-los.
“Se as metas não são realistas, seu cérebro saberá e você não ficará motivado para fazer esforço. Não tente enganá-lo. O cérebro é mais esperto que você”, conclui Ana.
5. Método Cornell
O sistema de anotações Cornell foi concebido na década de 1950, por Wlater Pauk, professor da Cornell University. Trata-se de uma técnica para resumir conteúdos.
Fácil de revisar e exige que você pense enquanto coloca as suas anotações em prática. Assim, você terá uma compreensão mais profunda sobre o tema.
A ideia é dividir uma folha de papel em três seções, cada uma destinada a um objetivo específico. Veja um passo a passo simples:
- Escreva o tema que será abordado no início da folha;
- Crie uma coluna no canto esquerdo, menor do que a metade da folha. O término desta coluna não deve chegar ao canto inferior da folha;
- Crie outra coluna no restante da página;
- Crie um retângulo no canto inferior da folha.
As seções serão utilizadas da seguinte maneira:
- Coluna esquerda: Deverá conter as palavras-chave e comentários importantes sobre o conteúdo da coluna ao lado;
- Coluna da direita: Será destinada às informações mais importantes sobre o conteúdo, como nomes de autores, fórmulas, explicações, datas, conceitos etc.
- Retângulo inferior: Deverá apresentar um resumo do que foi abordado nos tópicos anteriores.
O método Cornell pode ser usado para anotações em sala de aula ou para o resumo de algum material de estudo. Depois de criar a estrutura e preenchê-la, veja se as informações de conectam e complementam, de forma a facilitar a assimilação do conteúdo estudado.
Esta é uma das técnicas de memorização que você pode utilizar para revisar e reter novos temas e materiais com que entrar em contato.
6. Método outline
Este método pode ser muito útil se você precisa anotar informações de forma rápida e clara. Ele simplifica a associação entre as ideias.
Muito utilizado em processos de escrita, trata-se de uma espécie de mapa mental, em que os elementos de uma história são listados e organizados hierarquicamente.
Se traduzirmos o termo literalmente, outline remete a esboço, descrição ou contorno. Quando associado ao processo de escrita, está relacionado a realizar um planejamento daquilo que se pretende escrever, de modo que se organize a estrutura da narrativa.
Esta é uma ferramenta que pode complementar as suas técnicas de memorização.
7. Bullet journal
O bullet journal é um meio de organização desenvolvido por Ryder Carroll. No site oficial do método, ele é definido como “uma prática de mindfulness disfarçada de sistema de produtividade. Foi pensado para ajudar você a organizar o seu ‘o quê’ enquanto você se mantém atento ao seu ‘porquê’”.
Na prática, o bullet journal consiste na personalização das folhas de um caderno, de modo que a pessoa consiga se organizar, planejar as suas atividades e acompanhá-las.
Os espaços para anotações são adaptados de acordo com as necessidades individuais. Desta forma, as tarefas podem ser arranjadas de forma customizada.
Algumas dicas para criar um bullet journal são:
- Escolha o caderno ideal: A orientação da escolha é muito simples – você deve optar por um caderno que te motive a usá-lo. Ele deve se adequar às suas necessidades. Se você escreve bastante, por exemplo, escolha um modelo com maior número de páginas. Se prefere representações visuais à escrita, prefira um caderno sem pauta;
- Organize o caderno por cor: Esta é uma dica-chave quando o assunto é organização por bullet journal. Utilize canetas coloridas para identificar diferentes tipos de tarefas. Por exemplo: estudos, compromissos pessoais, afazeres domésticos etc.;
- Use as canetas corretas: o mais recomendado é que a gramatura das folhas do seu bullet journal seja de 90 gramas. Neste caso, você pode utilizar canetas fine line, stabilo, marca-texto e mesmo canetinha. Mas, caso a gramatura seja menor, só é possível utilizar canetas esferográficas e de gel, para não causar vazamento de tinta nas folhas;
- Abuse do lettering: Esta é a prática de criar uma caligrafia bonita e decorativa. Se você tem facilidade em produzir uma letra elaborada, destacando títulos de seções e tópicos importantes, vale colocá-la em prática.
8. Flashcard
Se está buscando por técnicas de memorização, não deixe de explorar o uso de flashcards, ou cartões de memória.
Cada cartão possui uma pergunta de um lado e a resposta a questão do outro. Trata-se de uma ferramenta bastante utilizada na preparação para vestibulares e concursos públicos.
Ao utilizar os cartões, você consegue revisar rapidamente o conteúdo e focar nos pontos-chave na hora de fazer uma prova.
Os flashcards trabalham a capacidade de recuperar uma memória, a partir das questões que possivelmente cairiam na prova. Ou seja, a ideia é evitar o esquecimento a partir da repetição.
O mais interessante sobre esta técnica é que ela pode ser usada para todo tipo de estudo e em diferentes momentos da vida. Tanto crianças que estão aprendendo a ler quanto profissionais que estão se preparando para prestar concursos públicos podem se beneficiar com ela.
O foco, neste caso, é na memória ativa. Isto é, você testa os processos de revisão em vez de simplesmente ler inúmeras vezes sobre o mesmo assunto.
9. Sistema Leitner
Outro método de memorização a partir da repetição é o sistema Leitner.
Na prática, o estudante deve também criar cartões com perguntas e colocá-los em uma caixa (caixa 1). Em seguida, pegar cada um deles e tentar responder às questões. Ao acertar as respostas, precisa mover os cartões para uma segunda caixa (caixa 2).
No entanto, se errar, o estudante deve deixar o cartão referente à pergunta que errou na caixa 1. O estudo passa para as caixas seguintes, e a premissa é mantida.
A diferença é que se o aluno errar nas próximas caixas, deve voltar o cartão para a caixa anterior. Desta maneira, os cartões na primeira caixa são estudados com maior frequência.
10. Técnicas mnemónicas
Vamos a mais uma das técnicas de memorização que pode ajudar no preparo para concursos públicos.
As técnicas mnemónicas são, tipicamente, verbais. Lembra das “musiquinhas” que os professores ensinavam no ensino médio para apoiar a fixação de determinados conteúdos? É bem por aí!
Estamos falando de métodos utilizados geralmente para memorizar listas ou fórmulas, baseados em formas simples de decorar conceitos mais complexos. Eles são amparados na perspectiva de que a mente humana tem mais facilidade de memorizar dados quando estes são associados à informação pessoal, espacial ou de caráter relativamente importante.
É por isso que tais associações precisam que fazer algum sentido, ou não serão fáceis de memorizar.
11. Interrogação elaborativa
Aqui está mais uma técnica focada em ajudar a deixar o cérebro mais eficiente, a partir do uso dos “porquês”, para que se consiga conectar os assuntos que se está estudando. A ideia é contribuir com o processo de fixação, apresentando soluções para os questionamentos feitos.
Tais questionamentos podem ser permeados também por perguntas como:
- O que é?
- Quem?
- Onde?
- Como?
- Qual a conclusão?
Isso significa que o conteúdo estudado deve ser adaptado para responder a essas perguntas. Assim, a técnica contribui com a construção da memória de longo prazo.
12. Mapas mentais
Se você deseja aumentar a produtividade dos seus estudos, uma das técnicas de memorização mais conhecidas é a dos mapas mentais.
Um mapa mental é um diagrama criado a partir de uma ideia central, que pode ser ampliado por meio de diversas ramificações. Trata-se de desdobramentos do conceito inicial.
Os mapas mentais podem ser elaborados à mão ou com o apoio de programas e aplicativos digitais. Geralmente, eles são feitos a partir de elementos e cores diferentes, de modo que se consiga criar um conceito visual facilmente assimilável.
As palavras-chave são a base dos mapas mentais. Sendo assim, é preciso exercitar a capacidade de reduzir conceitos a poucas palavras.
No livro Mapas Mentais, o autor Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro fala sobre a sua construção:
“A técnica de construção e de obtenção de informações dos Mapas Mentais é direta, sendo a construção feita a partir de um único centro, de onde se irradiam as informações relacionadas.
Mapas Mentais partem de uma ideia central, a partir da qual se articulam as ideias conectadas, numa estrutura em árvore (raiz e galhos) ou semelhante a um neurônio.
Em cada item do Mapa Mental, há apenas uma palavra (palavra-chave), ou uma pequena frase. A organização é feita de forma a construir o pensamento. É possível utilizar cores, imagens, links, textos etc. As imagens e as palavras-chave conduzem a associação de lembranças e podem estimular novas ideias”.
O autor também apresenta as utilidades-chave dos mapas mentais:
- Unir a criatividade com a lógica racional;
- Aprimorar a memória;
- Compreender as informações intervenientes na tomada de decisão;
- Facilitar a expressão das ideias;
- Melhorar a produtividade;
- Aumentar a concentração.
13. Autoexplicação
Ensinar outras pessoas é um caminho interessante para absorver conteúdos, já que você precisa reforçar o aprendizado daquilo que apresentará. Mas nem sempre há alguém por perto com quem se possa fazer este exercício.
É aí que entra a técnica da autoexplicação, que consiste em ensinar a você mesmo a partir de falas que exemplifiquem um determinado assunto.
Neste sentido, uma ideia é gravar as suas falas e escutar as explicações posteriormente, de modo que se possa aprimorar a maneira de transmiti-las. Assim, o seu cérebro vai assimilando os conteúdos continuamente.
14. Acrônimos
Os acrônimos reúnem apenas as iniciais das palavras que precisam ser lembradas, formando um único termo. Por exemplo, o acrônimo “LIMPE” traz as iniciais dos cinco princípios da administração pública:
- Legalidade;
- Impessoalidade;
- Moralidade;
- Publicidade; e
- Eficiência.
Este tipo de recurso pode ajudar você a memorizar conjuntos ou grupos de coisas.
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15. Acrósticos
Já os acrósticos podem ser considerados como um das técnicas de memorização possíveis de serem adotadas por concurseiros por serem bastante fáceis de produzir.
Eles são uma forma de versificação em que há uma combinação de letras, comumente na vertical, que formam uma palavra ou mesmo frase.
O acróstico pode ter diferentes modos de apresentação: nas letras iniciais, nas letras intermediárias ou nas letras finais.
Um exemplo desta técnica, para gravar os nomes dos estados que fazem parte da Região Sul do Brasil, seria o uso do verso “Ponte Sem Rumo”. As iniciais remetem aos nomes Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no sentido do norte ao sul.
16. Palácio da memória
O palácio da memória é uma técnica mnemônica bastante antiga, que já era conhecida dos gregos e romanos. Ela depende de relações espaciais memorizadas para estabelecer, ordenar e recoletar conteúdo memorial.
Ou seja, cria-se um lugar imaginário, inspirado geralmente em um lugar familiar. Contudo, pode ser também um lugar fictício ou, ainda, a combinação entre um espaço real e um fictício.
No palácio mental, as “estações” são os locais como um quarto ou uma sala, enquanto o espaço entre eles é chamado de “jornada”. Quando constrói o seu palácio, você deixa objetos, palavras e frases nessas estações. Em seguida, eles poderão ser retomados, quando você revisitar o palácio.
Ao aplicar algumas das técnicas de memorização acima à sua rotina de estudos, certamente será possível aumentar a produtividade do seu processo de preparação para concursos públicos!
E, então, gostou deste artigo sobre técnicas de memorização? Continue acompanhando o nosso blog! Aproveite para conferir também o guia completo que produzimos sobre 11 Técnicas de como decorar leis e garantir o acerto nas provas!