Com o avanço das inovações tecnológicas, a maneira como interagimos com o mundo se transformou de maneira significativa. Hoje, percebemos a passagem do tempo com muito mais pressa: tudo é imediato, e todas as coisas acontecem ao mesmo tempo.
Talvez você esteja se perguntando o que isso tem a ver com interpretação de texto. Mas, calma, pois chegaremos lá!
As redes sociais contribuíram muito para a noção de que estamos, a todo momento, participando de diversas interações e situações. Por isso, aos poucos, também se tornou essencial informar de maneira mais direta e assertiva. Os blogs foram substituídos pelos tuítes e imagens, e nós passamos a ser uma geração cada vez mais visual.
No entanto, não são raros os cenários em que a leitura não pode se dar de maneira imediata ou superficial. A chamada “leitura dinâmica”, apesar de apresentar certas vantagens, ainda não é a ideal para todos os contextos.
Os momentos de se prestar um concurso público são um deles. Nestes casos, é fundamental conseguir ler e interpretar um texto; compreender suas nuances e seus objetivos.
Para isso, treinar a interpretação de textos também se torna um imperativo. Afinal, como é que se interpreta um texto? E por que a interpretação correta é tão importante? Para compreender melhor, basta continuar lendo este conteúdo!
Por que a interpretação de texto é importante?
Quando falamos em textos, não nos restringimos aos textos verbais. Imagens, gestos ou expressões também fazem parte da nossa linguagem, e, portanto, também costumam carregar significados e ser interpretados no nosso cotidiano. Nesse sentido, podemos dizer que nossas mensagens estão carregadas de intenções.
Para que sejamos compreendidos, portanto, é fundamental que saibamos expressar essas mensagens de maneira clara.
Se desejamos que alguém pare de nos aborrecer, não adianta dar um sorriso. Se gostamos de um abraço, não empurramos alguém para longe. No entanto, esse não é um trabalho que fazemos sozinhos.
Enquanto, de um lado, transmitimos uma mensagem, também é importante que nosso interlocutor esteja apto a tentar compreendê-la. É esse processo que constitui a interpretação. Ou seja, sua principal importância está no fato de que interpretar possibilita compreender de forma completa uma mensagem e sua intenção.
Não à toa a interpretação de textos é uma habilidade que passa a ser desenvolvida desde os primeiros anos do ensino, e então aprimorada nos anos seguintes. E sua importância também se revela no fato de que a interpretação das pessoas continua a ser testada ao longo de suas vidas.
No entanto, uma boa interpretação de textos não é fundamental apenas porque mantém uma boa relação entre pessoas de uma sociedade. Ela também é a responsável por desenvolver algumas habilidades socioemocionais importantes para o nosso cotidiano.
Alguns exemplos são: a comunicação, a produção de conteúdos (artigos, textos, imagens, relatórios etc.), o trabalho em equipe e a resolução de conflitos.
Interpretação de texto e concursos públicos
Para além do nosso dia a dia, a capacidade de interpretar corretamente um texto é bastante exigida no contexto dos concursos públicos. Parte fundamental das avaliações de Língua Portuguesa, ela visa a avaliar a capacidade de um candidato compreender diferentes estruturas textuais e, a partir delas, desenvolver um raciocínio lógico.
Quando falamos de concursos públicos como a prova da OAB, essa capacidade é ainda mais importante. Afinal, o Direito está em constante transformação, e as leis que o constituem também são passíveis de interpretações variadas.
Para que um candidato se transforme em um bom advogado, é fundamental que saiba navegar por essas mudanças. Interpretar um texto é, enfim, uma maneira de provocar o raciocínio e uma melhor argumentação — o que produz profissionais mais capacitados a defender o interesse de seus clientes.
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Como fazer a interpretação de textos?
Não é incomum, em ambientes de aprendizado, associarmos “interpretar um texto” com “desvendar a intenção do autor”. Essa mentalidade, no entanto, não está absolutamente correta.
Por um lado, a interpretação é, de fato, a compreensão do que o autor quis dizer com uma determinada produção. No entanto, ela não se encerra aí, alargando-se de formas diversas, a depender do leitor.
Isso acontece porque o espaço do texto é um espaço de encontro entre dois pontos de vista: os que pertencem àquele que escreve o texto e os que pertencem a quem os lê.
Nesse sentido, para fazer a interpretação de um texto, o leitor deve estar pronto para unir todo o seu conhecimento de mundo — inerente a quem ele é e parte de sua personalidade — ao conhecimento oferecido pela peça textual que tem diante de si.
Essa união não necessariamente será harmoniosa, afinal, pode-se discordar daquilo que é lido. Contudo, deve sempre acontecer de maneira coerente.
Portanto, aprender a interpretar é também aprender a ler. E, como a leitura não é um processo com início, meio e fim, a interpretação de textos pode ser aprimorada a partir de alguns exercícios. Veja, abaixo, os principais:
- Reformule o que foi lido;
- Crie o hábito de leitura;
- Tenha paciência.
1. Reformule o que foi lido
Você já ouviu falar em paráfrases? Uma paráfrase nada mais é do que a reformulação de um texto que toma como base aquilo que o leitor compreendeu a partir do que foi dito. Seu principal objetivo, em geral, é tornar um texto mais acessível e direto. Logo, de mais fácil entendimento.
Quando lemos um texto, exercitar a capacidade de parafraseá-lo é uma maneira de aprender a interpretar. Afinal, é preciso pensar, com nossas próprias palavras, em como dizer aquilo que acabamos de ler. Um exemplo seria a seguinte frase:
“Para João, não fazia diferença a cor do carro, uma vez que teria dinheiro para comprá-lo à vista”.
Dela, podemos inferir que:
- João tinha dinheiro para comprar um carro à vista;
- João não se importava com a cor do carro;
- João só não se importava com a cor do carro porque tinha dinheiro para comprá-lo à vista.
Assim, uma maneira de paráfrase seria: “Porque tinha dinheiro para comprar à vista, João não se importava com a cor do carro”.
2. Crie o hábito de leitura
A leitura é essencial para quem deseja desenvolver a capacidade de interpretar textos. Afinal, há uma profunda relação entre as duas atividades. Quanto mais lemos, mais fácil se torna compreender mensagens explícitas e implícitas em um conteúdo, e mais nos habituamos às nuances que um texto pode adquirir.
Em um contexto de concursos públicos, principalmente, o hábito de ler deve se estender aos materiais técnicos. Não basta ler apenas aquilo que nos dá prazer; é preciso se familiarizar com os recursos e técnicas linguísticas empregadas pelos textos que precisarão ser lidos no cotidiano do trabalho.
Criar esse hábito faz com que seja mais fácil se adaptar à linguagem utilizada — pense, por exemplo, nas diferentes formas de falar do ambiente jurídico —, além de aumentar o contato com temas complexos, que podem aparecer em questões objetivas ou discursivas.
Também é uma maneira de exercitar a atenção e o foco, que tendem a se perder, principalmente quando temos contatos com textos mais técnicos ou complexos.
E é, por fim, um dos modos mais eficazes de ampliar o vocabulário do candidato, que deve conhecer palavras mais complexas da língua a fim de compreender com maior facilidade toda a extensão de um texto.
3. Tenha paciência
A interpretação é inimiga da pressa. Estamos habituados a ler “pulando” palavras, às vezes parágrafos inteiros, ou a lidar apenas com pequenos blocos de textos curtos, que poderiam caber em uma foto no Instagram. Quando falamos de interpretação de texto, porém, esse comportamento não trará resultados positivos.
A leitura com calma dos textos oferece maior compreensão do que está sendo apresentado. Também faz com que o contato entre os conhecimentos do candidato e as informações do texto aconteça de maneira mais estruturada, o que possibilita interpretação e argumentação mais claras.
O ideal é que, em um contexto de prova de concurso, o candidato esteja apto a fazer duas leituras: a primeira, mais rápida, serve para identificar as palavras-chave para a interpretação do texto. A segunda, mais pausada, é para que essas palavras-chave recebam o contexto adequado e o objetivo daquele texto seja compreendido integralmente.
Como classificar palavras-chave na interpretação de texto?
Muitos candidatos, quando se deparam com um texto durante a prova, procuram assinalar o maior número de informações que acham relevantes. Eles acabam se perdendo ao classificar todas as informações como tendo o mesmo valor.
Por isso, devem compreender a importância de extrair apenas palavras-chave.
Nossa língua é baseada em valores hierárquicos que nem todos reconhecem. O substantivo pode ser considerado o termo mais importante do português, na medida em que concentra a informação substancial mais importante de qualquer exposição.
Sempre será por meio de palavras de valor substantivo que uma ideia será apresentada em um texto e em suas partes integrantes de organização — os parágrafos.
Como classificar palavras-chave?
Ao ler um texto presente em uma prova de concurso, na maioria das vezes uma crônica, um artigo ou um fragmento dissertativo, o concurseiro deve procurar sempre a palavra que marca a ideia principal de cada parágrafo.
Mesmo que ache uma expressão significativa, poderá perceber que há uma palavra que se destaca como referência do argumento principal ali abordado. Essa palavra é o que chamamos de palavra-chave.
Em torno dela é que se desenvolve toda a argumentação. Por isso, marcá-la em cada parágrafo permitirá que o leitor visualize também as informações hierarquicamente ligadas a ela.
Identificar a palavra-chave é fácil. Após fazer a leitura do primeiro parágrafo, o candidato poderá se fazer a seguinte pergunta: “Sobre o que se fala nessa passagem”? Assim, perceberá que sua atenção o direcionará a um ponto específico de tal fragmento.
Para concentrar a informação e facilitar a compreensão do texto, uma segunda pergunta poderá ser feita: “O que se fala sobre a palavra-chave”? Com isso, poderá anotar a ideia que gira em torno dela e que representa uma espécie de síntese daquele parágrafo.
Esse segundo momento da avaliação das informações, chamamos de ideia-chave. Ao final da leitura do texto, o concurseiro terá um panorama visual eficiente que permitirá rapidamente identificar qualquer questionamento que seja feito pela banca examinadora, mesmo que a questão seja feita sobre um argumento hierarquicamente secundário.
Assim, a leitura se torna mais dirigida, mais concentrada, além de dinamizar a identificação de qualquer ponto abordado com maior rapidez. Vale a pena, sim, se servir de tal ferramenta para alcançar maior excelência em questões de interpretação de textos.
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Como estudar interpretação de texto para concursos?
Como indicamos ao longo deste conteúdo, a interpretação de um texto pode ser aprimorada a partir da prática constante da leitura atenta e calma. Em um cenário de concurso público, há ainda outras duas dicas fundamentais que devem ser seguidas:
- Faça marcações nos textos;
- Resolva questões comentadas.
1. Faça marcações nos textos
Durante o processo de estudo e de realização das provas, o candidato deve ficar atento a elementos como tópicos frasais, palavras-chave, expressões que restrinjam as informações (como: “sempre”, “nunca”, “exceto” etc.) e dados relevantes.
Com um lápis em mão, marcar essas expressões ajuda a absorver melhor as informações, focar em pontos de atenção importantes e faz com que seja mais fácil voltar ao texto depois de começar a responder às questões da prova.
2. Resolva questões comentadas
Provas de concursos públicos, como o Exame da Ordem, costumam liberar gabaritos comentados de questões anteriores.
Durante os estudos, é fundamental que os candidatos, depois de tentar resolver as questões, leiam esses comentários e compreendam melhor o que era exigido deles.
Dessa maneira, o concurseiro consegue se adaptar melhor ao que é esperado que ele adquira de informações relevantes.
Além disso, consegue exercitar a sua leitura para capturar detalhes relevantes, que podem ter passado despercebidos na resolução de provas anteriores.
4 dicas para resolver questões de interpretação de textos
Chegado o momento das provas, não é necessário começar a ter medo. Considerando todo o conteúdo que apresentamos ao longo deste texto, você certamente já se preparou para desenvolver questões que exijam a interpretação de textos.
Ainda assim, separamos mais 4 dicas para te ajudar nesse momento. Confira!
- Leia o enunciado primeiro;
- Destaque os termos-chave da pergunta;
- Descarte as opções claramente incorretas;
- Foque no que está dito.
1. Leia o enunciado primeiro
Em muitos casos, recomenda-se que o concurseiro leia primeiro o enunciado de uma questão para, então, decidir se deve ou não ler o texto em sua totalidade.
Embora essa tática possa funcionar em alguns concursos, é importante ter em mente que ela não será completamente eficaz em todos os casos — sobretudo naqueles em que o contexto dos textos é importante.
A dica de ler, primeiro, o enunciado da questão não visa a incentivar o aluno a deixar o texto de lado e procurar apenas pela resposta. Ela tem como principal objetivo fomentar uma leitura mais atenta, já tendo em mente o que o enunciado exige que seja compreendido.
Dessa maneira, o candidato, ao se deparar com a resposta da questão, está mais atento a ela e consegue enxergar eventuais pegadinhas ou nuances com maior facilidade.
2. Destaque os termos-chave da pergunta
Assim como é fundamental destacar os termos-chave do texto no momento da leitura, usar um lápis ou caneta para demarcar essas expressões nas perguntas também pode ser muito útil para o candidato. Isso porque não é raro que concursos públicos formulem questões com pegadinhas.
Desse modo, a presença destacada de um “não” ou de um “exceto” faze com que o candidato não corra o risco de esquecê-lo ali. Além disso, os termos-chave de uma pergunta podem orientar melhor a leitura do texto, informando qual deve ser o foco do concurseiro.
3. Descarte as opções claramente incorretas
Novamente, esta é uma técnica que visa a evitar acidentes causados pela desatenção. Se você já sabe o que a pergunta busca e já leu o texto com calma, provavelmente é capaz de identificar as respostas definitivamente erradas nas provas objetivas de um concurso.
Ao fazer isso, risque-as, tirando-as de vista. Isso evita a confusão na hora de marcar a resposta correta no cartão-resposta, mas também “limpa” a página, deixando diante dos olhos dos candidatos apenas as informações que devem ser consideradas com maior atenção.
4. Foque no que está dito
É verdade que nem todas as informações de um texto estão explícitas em seu conteúdo. Não raro, usamos técnicas e ferramentas textuais, como a ironia, para dizer uma coisa quando queremos, na verdade, implicar outra.
Ainda assim, em uma prova de concurso, as inferências devem ser deixadas de lado. A interpretação se torna um jogo muito confuso quando passamos a pensar que o autor poderia querer dizer uma coisa diferente daquela que está, com clareza, indicada no texto.
Por isso, foque apenas no que está dito. Se é preciso inferir algo, faça-o da maneira mais objetiva possível, baseando-se em outras informações de um texto. Deixe de lado cenários e contextos diversos, para evitar a confusão. Afinal, é hora de ser claro e assertivo.
Esperamos que essas dicas tenham te ajudado a entender melhor como desenvolver a sua interpretação de texto. Se você se interessa pelos conteúdos de Língua Portuguesa, não deixe de conferir também as principais dicas de português para concursos!